sexta-feira, 23 de março de 2012

OS FILHOS DO CRACK

Matéria publicada em 22 de Março de 2012, no Jornal da Manhã

http://www.jmnews.com.br/noticias/espaco%20publico/42,19286,22,03,os-filhos-do-crack.shtml

Autor: Luiz Paulo Rover


 A droga não destrói somente o usuário. Ela também destrói a sua família. E não é apenas isso. A droga corrói a dignidade e a integridade do ser humano. Ela afeta e destrói os lares, destruindo, assim, a sociedade como um todo. Nesse cenário tão caótico, um quadro começa a alarmar a saúde pública: o número de mulheres grávidas que são usuárias de crack. Os números ainda são escassos, mas, segundo dados disponíveis no exterior, cerca de 3% das mulheres fazem uso de algum tipo de droga ilícita durante a gravidez. Esses filhos, geralmente, não têm pai, pois toda a responsabilidade recai sobre a figura da mulher. Por isso, podem ser chamados “filhos do crack”. Certamente, com o uso do crack, os problemas são potencializados durante a gravidez. O uso do crack por mulheres grávidas acarreta problemas no feto, atrasos no crescimento intrauterino, parto prematuro, sem contar que elas sofrem mais riscos de aborto. O cérebro e o fígado do bebê são os órgãos mais afetados pela droga. Outro dado que não pode ser esquecido é o fato que de a maioria dessas mulheres viciadas não fazem o pré-natal, o que agrava ainda mais a situação.
Após o nascimento, os problemas persistem, já que traz várias consequências nocivas para o recém-nascido, podendo levar, inclusive, à morte. Trata-se de um fato alarmante. Antes mesmo de vir à vida, o filho gerado no mundo da droga acaba se transformando em um usuário ainda na fase uterina. A sociedade tem o compromisso de tentar salvar essas vidas e fazer o possível para trazer a mãe grávida viciada para o mundo real, da consciência e da vida. Sabemos o quanto é difícil essa missão. O vício destrói a dignidade, o caráter, o amor ao próximo e o amor próprio. Tudo passa a ser secundário, pois a prioridade é conseguir a droga para satisfazer a necessidade da sensação provocada pelo seu uso. O Poder Público começa a acenar no sentido de atacar essa maldição de frente, com a adoção de programas ousados e caros. Esperamos que isso realmente ocorra, pois é necessário e urgente. Em nossa cidade, diversas entidades tomaram frente e estão tentando, de forma heróica, salvar essas mães e seus pequeninos filhotes. No Brasil, quando o Poder Público falha, cabe à sociedade investir na solução do problema. Assim, todos têm o compromisso de tentar conter a droga de uma forma geral, principalmente, o tráfico e o consumo dessa maldição denominada crack, que está tomando conta dos jovens de todas as camadas sociais, pois pode viciar o usuário já na primeira vez que ele consome.

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